Zoonoses
Alergias
Alguns felinos podem desenvolver severas reações alérgicas quando submetidos a determinadas medicações, como, por exemplo, a ivermectina, que é tradicionalmente aplicada no controle de pequenos parasitas, como carrapatos, pulgas e piolhos. Em determinadas situações, essa substância pode ocasionar o inchaço do cérebro do felino, provocando fortes dores, perda de controle muscular, cegueira temporária, perda de apetite, retenção de urina e febre, chegando a levar o animal ao estado de coma. A forma de se combater alergias desse tipo é por meio da aplicação de antídotos contra ação do medicamento anteriormente ministrado.Muitos humanos são alérgicos à glicoproteína Fel d 1, presente na saliva dos gatos e transmitida em contato com a pele ou com o pelo do animal. A glucoproteína Fel d1 pode gerar espirros, irritação das vias respiratórias e, em casos mais agudos, asma, rinite e outras reações alérgicas. No dia 24 de setembro de 2006, a empresa biotecnológica Allerca anunciou o começo da criação dos primeiros gatos hipoalergênicos. Além disso, existem algumas raças de gatos que produzem pequenas quantidades da proteína responsável pela reação alérgica, não causando, deste modo, problemas às pessoas sensíveis.
Toxoplasmose
Ver artigo principal: Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma zoonose de distribuição mundial. Trata-se de uma doença infecciosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Ocorre em animais de estimação e de produção, incluindo suínos, caprinos, aves, animais silvestres, cães, gatos e a maioria dos vertebrados terrestres homeotérmicos (bovinos, suínos, cabras, etc). Usualmente, os gatos são responsabilizados pela transmissão direta da toxoplasmose aos humanos, mas pesquisas atuais indicam que na maioria das vezes essa acusação é incorreta, tendo em vista que o Toxoplasma gondii, causador da doença, necessita de um período de incubação após ser expelido pelo organismo do animal, por meio das fezes.
Deste modo, para que haja contaminação, é necessário que haja contato
com as fezes secas do animal. Portanto, bastaria manter o gato em um
ambiente higienizado, com limpeza diária de sua caixa de areia, para não haver preocupação em adquirir essa zoonose.A toxoplasmose pode ser perigosa especialmente para a mulher grávida, sendo uma possível causadora de má-formações fetais e surdez congênita. Os felinos desempenham um papel chave no ciclo desta enfermidade, sendo hospedeiro do parasita. O gato pode adquirir a doença ao se alimentar de algum pássaro ou rato infectado. Logo, os gatos envolvidos na transmissão são somente aqueles que têm possibilidade de caçar ratos (gatos silvestres ou de fazendas). Como os gatos doméstico são, normalmente, alimentados apenas com ração, esse risco é extremamente reduzido, bastando certificar-se de que o gato de estimação não tenha por hábito caçar animais. Destaca-se ainda que é improvável que um gato doméstico ingira os animais que caça, tendo em vista que a maioria trata a carcaça de suas vítimas como "troféus", não se alimentando delas. Quando contaminado, o felino excreta os oocistos ("ovos" do protozoário) nas suas fezes, e o humano pode ser infectado via oral ao não lavar as mãos corretamente depois de limpar a caixa de areia do animal, ou não lavar os vegetais que foram plantados em locais que contêm fezes de gatos, por exemplo. Mas a contaminação apenas é possível se esse contato ocorrer após o período de incubação desses ovos. Assim, boas condições de higiene tornam improvável algum tipo de infecção.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o principal contágio da toxoplasmose não é o contato com gatos domésticos, mas sim a ingestão de protozoários presentes na carne vermelha crua ou mal cozida, bem como em vegetais mal lavados e contaminados com dejetos de animais.
Leucemia felina
A leucemia felina, provocada por um vírus, é uma das doenças mais complexas que afeta os gatos. Diferentemente da versão humana da doença, é contagiosa, podendo ser transmitida de gato para gato por meio da saliva ou pelo contato com sangue contaminado. No entanto, não é transmitida aos seres humanos, tendo em vista que o agente causador somente sobrevive no organismo dos felinos. A vacinação contra a leucemia confere proteção aos gatos em 95% dos casos. A castração reduz a possibilidade de contaminação, já que o animal tende a permanecer mais em casa e não ter contato com outros gatos.
A leucemia felina é uma doença desconhecida por muitos veterinários, que, ao não saber como tratá-la, recomendam o sacrifício do animal. Inicialmente, esta doença se manifesta pela perda parcial da defesa imunológica do gato portador. Porém, trata-se de uma doença degenerativa, cuja gravidade vai avançando ao mesmo tempo que reduz a expectativa de vida em alguns anos. Tratamentos podem abrandar os problemas, sobretudo se o gato viver em boas condições, uma vez que, devido à baixa imunidade, qualquer doença de menor gravidade pode ser altamente perigosa para o animal. Durante o estado crítico, o gato necessita de cuidados e boa alimentação, acompanhado por veterinários, e do uso do interferon. A leucemia felina "terminal" ocorre quando a doença atinge a medula óssea, anulando totalmente a produção de glóbulos brancos para a sua defesa; quando esta ocorre, o animal começa a ter a sua saúde deteriorada rapidamente e passa a sofrer fortes dores, de modo que o sacrifício é a única solução.
Panleucopenia felina
A panleucopenia felina é uma doença viral que acomete gatos domésticos e outros membros das famílias Felidae, Mustelidae, Viverridae e Procyonidae. O agente causador é um vírus classificado como parvovírus felino. Essa doença não é transmissível ao homem e nem a outros animais de estimação. Trata-se de uma enfermidade altamente contagiosa aos felinos, caracterizada pelo aparecimento súbito de febre, falta de apetite, depressão, vômitos e diarreia, desidratação e leucopenia.
O vírus da panleucopenia felina é um parvovírus pequeno pertencente à família Parvoviridae. Essa doença é considerada um dos distúrbios gastrointestinais mais mortais para os gatos, apresentando taxa de mortalidade de aproximadamente 80% dos indivíduos contaminados. Os gatos que vivem soltos estão mais expostos à contaminação pelo vírus da doença. A vacinação é bastante eficaz, sendo a incidência de panleucopenia muito baixa nas populações de gatos que recebem as doses da vacina nos primeiros meses de idade. Contudo, foram relatadas ocorrências da panleucopenia transmitida pelo colostro e pelo leite.
Os incubadores do vírus são os próprios gatos, sendo que a transmissão é feita mediante contato direto com os gatos contaminados e/ou doentes, através de alimentos ou água contaminada, pelo contato com fezes ou urina (que ocorre quando um animal sadio usa uma caixa de areia contaminada por um gato doente), contato com vômito, saliva, ou ectoparasitas como pulgas e carrapatos.
Os indivíduos doentes passam por um tratamento de elevada complexidade. Os animais que conseguem sobreviver mais de uma semana, evitando-se a todo o custo a desidratação, têm possibilidade plena de se salvar. Contudo, isto ocorre apenas em 20% dos casos, indicando que a prevenção por meio da aplicação de vacinas ainda é a melhor forma de se evitar a ocorrência do problema.
Peritonite infecciosa felina
A peritonite infecciosa felina, mais conhecida pelo acrônimo PIF, é uma síndrome viral contagiosa entre os felinos, que contamina o intestino, o fígado, os rins, o cérebro e e todo o sistema nervoso dos animais, levando à formação abcessos nos órgãos afetados.
A peritonite infecciosa felina é transmitida por meio de contato com as fezes contaminadas, o que ocorre, sobretudo, quando diversos gatos dividem uma mesma liteira. Pode também ser transmitida aos filhotes de gatas doentes, por meio do leite. Contudo, trata-se de um vírus que ataca exclusivamente os felinos, não oferecendo assim risco de contágio aos seres humanos.
Dentre os principais sintomas, estão a perda de apetite, emagrecimento rápido do animal, anemia, diarreia, febre constante, abdômen distendido, e inchaço nos gânglios linfáticos. Não há cura para a PIF, sendo que, após a contaminação, o gato vive por, no máximo, dois anos. Ainda não há vacina eficaz contra essa doença. Normalmente, quando os sintomas se agravam, é praticada a eutanásia, visando minimizar o sofrimento, tendo em vista que as manifestações dos sintomas dessa doença, em sua fase terminal, causam dores intensas no animal.
Síndrome urológica felina
A síndrome urológica felina consiste num conjunto de problemas que surgem nos felinos com o avanço da idade. O animal afetado apresenta problemas inflamatórios no sistema urinário, dentre os quais destacam-se a cistite, uremia e formação de cálculos renais e na bexiga.
O principal sintoma consiste na dificuldade e dor ao urinar; algumas vezes nota-se a presença de sangue na urina. As causas dessa doença estão ligadas à alimentação do animal, além de fatores genéticos que implicam uma predisposição à sua ocorrência. O tratamento consiste na aplicação de medicamentos contra as dores e a infecção, além de um rigoroso controle na dieta do animal. Deve ser oferecida água limpa em abundância e rações que não tenham acidificantes em sua formulação, ou apresentem elevados índices de magnésio.
Com uma alimentação adequada, há uma considerável diminuição da probabilidade de formação de cálculos no sistema urinário. Existem no mercado diversas rações balanceadas para diferentes tipos de gatos, variando de acordo com diversos elementos, como a raça do animal, sua idade, sexo, se é castrado ou não. É até mesmo possível encontrar rações específicas para gatos portadores da síndrome urológica felina, capazes de reduzir o pH urinário e melhorar o funcionamento dos rins, auxiliando na dissolução dos cálculos existentes e prevenindo a formação de novas calcificações.
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