Se encontrou gatinhos órfãos com poucos dias de vida, a primeira coisa
que deve fazer é tentar mantê-los quentes enquanto tenta contactar com
um veterinário. Enrole os gatinhos em cobertores e coloque-os dentro de
uma caixa ou cesto, onde possam estar bem acondicionados. Tenho cuidado
para que eles não sufoquem: é necessário que a caixa não fique fechada e
que o ar circule.Se o tempo estiver frio, pode ter que colocar uma
botija de água quente por baixo dos cobertores, mas de forma a que o
calor não queime os gatinhos.Tudo
o que possa ler não subsistitui a deslocação ao veterinário, que
observando os gatinhos lhe dirá exactamente como proceder.A ida ao
veterinário é urgente e não pode deixar para o dia seguinte: um gatinho
pode morrer em menos de 24 horas.Naturalmente que o ideal é tentar
encontrar uma gata mãe que tenha tido filhotes e que aceite o(s) gatinho
que encontrou.
Nestes
casos, se aninhada for muito grande, o mais certo é que seja necessário
compensar com alguns biberões, porque o leite da mãe pode não ser
suficiente, sobretudo para os mais frágeis da ninhada.Mas encontrar uma
gata mãe adoptiva não é a situação mais frequente, por isso, prepare-se
para ser mãe substituta durante os 2 primeiros meses de vida dos
bichanos (caso fique com algum, esse será o papel de uma vida).É
impossível salvar um bebé que não lhe der a alimentação adequada com a
periodicidade também adequada, normalmente de 3 em 3 horas. Não pode
pensar que basta dar-lhe qualquer comida que encontra no
supermercado,tem que se dirigir a um veterinário para aconselhamento e
para aquisição da alimentação correcta.Ao contrário do que muita gente
pensa, o leite que os humanos ingerem é prejudicial à saúde do gatinho e
pode matá-lo.Tem que dar-lhe leite próprio, que na fase inicial da vida
do gatinho, não pode ser o leite que existe nos supermercados, mas sim
um verdadeiro substituto do leite da mãe, que existe à venda em casas
especializadas de produtos para animais ou veterinários.Assim,
será necessário dar biberão aos pequenos gatinhos mais ou menos de 3 em 3
horas, nas quantidades que lhe serão indicadas pelo veterinário e que
constam das instruções que acompanham as embalagens de leite.Caso o
veterinário aconselhe, também pode dar alguns complementos alimentícios
para um crescimento saudável, por exemplo vitaminas e cálcio.A
partir da quarta semana, os gatinhos começam a ganhar os primeiros
dentes é nesta altura que é possível começar a introduzir ração para
iniciar o processo de transição entre o leite e outro tipo de
alimentação.A fase de mudança do tipo de alimentação deve ser feita
gradualmente, com muito cuidado e atenção. Nunca pode ser feita de forma
brusca, porque o organismo do gatinho pode não aceitar bem e provocar
por exemplo diarreias, que podem ser mortais nesta fase da vida.
Os
gatinhos possuem estômagos pequenos, portanto é essencial que sejam
pouco alimentados mas com muita frequência. À medida que eles crescem,
as refeições aumentam em quantidade e podem tornar-se menos
frequentes.Com 6/8 semanas o gatinho come com autonomia. Se for
saudável, não tem que ter nenhuma preocupação especial, deve
proporcionar-lhe comida de gato adequada, ter sempre disponível água
fresca e estar disponível para lhe dar atenção nas brincadeiras e na
troca de mimos.Nesta altura pode sentir-se descansado: a fase critica
foi ultrapassada e conseguiu salvar um gatinho da morte.A alimentação é determinante, mas não é o único factor a ter em conta neste processo. Outros cuidados e atenções se impõem:
•
Minimize o stress do(s) gatinho(s): naturalmente que eles sofrem com a
separação da mãe (e se tiver ficado apenas um gatinho, ele vai sentir-se
muito só); tente colocar o gatinho num sitio tranquilo, e evite
mudanças;
• Prepare uma caminha confortável, num lugar que tenha
temperaturas amenas.• Se os gatinhos tiverem cerca de 2 semanas, pode
colocar logo um tabuleiro baixinho, com areia própria, para que ele
possa tentar fazer as suas necessidades; pode acontecer que nos
primeiros dias ainda exista alguma dificuldade em acertar no sítio
certo, mas verá que sem esforço nenhum o gatinho começa a utilizar a
areia.
• Deve ter o cuidado de observar se o gatinho está a fazer as
necessidades fisiológicas com regularidade e normalidade, caso verifique
alguma anomalia deve ir de imediato ao veterinário.
• Relativamente
às necessidades fisiológicas do jovem gatinho, há algo da maior
importância e que em regra não é do conhecimento das pessoas, mesmo de
muitas que possuem gatos: os gatinhos pequenos só fazem as necessidades
quando são estimulados pelas lambidelas da mãe. Por isso vai ter que
substituir a gata mãe nessa função: com um pequeno algodão embebido em
água morna, massaje a barriguinha do gatinho (o veterinário poderá
explicar-lhe corretamente como o fazer). Desta forma, até aproveita
para limpar alguns resíduos de leite (e mesmo fezes e urina) que se
tenham agarrado ao pelo do seu protegido. Os gatinhos gostam destas
massagens e geralmente ronronam. Este é também um momento em que deve
falar carinhosamente com o pequenino, que se vai socializando e
aprendendo a amar os humanos.
• Não se esqueça de limpar com
regularidade os cobertores e panos em que os gatinhos estão, porque eles
vão sujá-los enquanto não souberem utilizar o caixote (em regra, o
caixote funciona às 3 semanas de vida).
• Não junte os gatinhos a
outros gatos que tenha em sua casa: em primeiro lugar porque não sabe se
o novo habitante é ou não portador de alguma doença e em segundo lugar,
tem que perceber que os gatos residentes irão reagir mal ao novo
habitante, pois este está a evadir o espaço já devidamente conquistado e
delimitado. Portanto terá que os manter separados pelos menos durante 3
a 4 semanas. Depois deste período fará a integração dos gatos de forma
gradual, deixando que se aproximem, que se cheirem e que dividam o
espaço entre eles.
• Não se esqueça que os gatinhos adoram brincar e
quando começarem a abrir os olhinhos e deixarem de dormir 23 horas por
dia, vão ocupar o tempo que estiverem acordados brincando com tudo o que
tiverem à frente. Ver um gatinho brincar é algo delicioso. Não se
esqueça de lhe proporcionar 2 ou 3 brinquedos.
• Se o gatinho que
levou para casa já for um pouco maiorzinho, pode acontecer que ele se
esconda no início, pois está assustado e procura desesperadamente
segurança. Mas normalmente passados 2 ou 3 dias a aproximação acontece e
verá que tudo se resolve com muitas festinhas e uns ronrons. Parece
claro que a sobrevivência de um gatinho recém-nascido não é fácil, exige
muita dedicação e carinho e um bom aconselhamento médico. Se o seu 6º
sentido lhe disser que alguma coisa não está normal com o gatinho, não
hesite em contactar o veterinário: poderá estar a salvar-lhe a vida.Amor
e atenção permanentes são a chave para a sobrevivência de gatinhos
órfãos.Mas quando os gatinhos forem adotados por novas famílias, vai
ficar para sempre com a recordação dos dias/semanas em que assistiu ao
esforço que aquele ser tão frágil desenvolveu para contrariar a lei da
natureza, dos seus primeiros passos cambaleantes, das gracinhas e
brincadeiras e acredite que todo o seu esforço valeu a pena.
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